Transmissão ao vivo 

Carlos Eduardo Rovaron

POLÍTICAS MIGRATÓRIAS NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX, EXPANSÃO DA CAFEICULTURA E IMIGRAÇÃO ITALIANA NAS ZONAS DE FRONTEIRA DE MINAS
Sábado 21/09  -  Mesa redonda: 9h30  

A imigração italiana no Sul de Minas, inclusive em Andradas e Poços de Caldas e Caldas, esteve ligada com as elites e fazendas cafeeiras do Oeste Paulista Vizinho, principalmente com o município de São João da Boa Vista-SP. Foi por intermédio da amizade de Joaquim José de Oliveira, rico cafeicultor e político de São João da Boa Vista, com Martinho da Silva Prado Junior, que foi construído um ramal da linha tronco da Estrada de Ferro Mogiana, saindo do Povoado de Cascavel (hoje Aguaí-SP), passando por São João da Boa Vista e findando em Poços de Caldas. 

Em 1886 a Estação de Poços de Caldas foi inaugurada e Martinho Prado Júnior tornou-se presidente da recém fundada Sociedade Promotora de Imigração de São Paulo, responsável por conseguir subvenções do Governo Provincial de São Paulo (verba pública), para trazer imigrantes para a rica elite cafeicultora paulista que integrava essa instituição. O cargo de presidente na Promotora, também dava a Martinho o controle sobre a hospedaria do Braz e, por consequência, sobre o fluxo de imigrantes que chegava no Porto de Santos. 

Em 1896, um artigo também dava notícias sobre a presença de Martinho em Poços de Caldas, onde construiu uma casa de veraneio que hoje tornou-se o museu da cidade. Martinho e seu irmão, Antônio, sempre uniram esforços para o fim da escravidão, construção de ferrovias, fomento da cultura do café, construção de ferrovias e para a promoção da imigração. Estiveram ligados a fundação das companhias de estradas de ferro Paulista e Mogiana, detendo significativa parcela das ações de ambas. Antonio Silva Prado fundou o banco que mais tarde tornou-se o Banco Comind. Além, eram também sócios na importadora e exportadora de café Prado e Chaves, no Porto de Santos, que chegou a deter significativas parcelas da negociação do produto. 

Poderosos economicamente e politicamente, com influência no Governo Imperial e depois na República, pela máquina burocrática do governo de São Paulo, que desenvolveu um complexo aparato legislativo, foram atores históricos na estruturação de uma infraestrutura e logística voltada para a promoção da imigração, sem a qual todo esse complexo econômico que orbitava em tono da produção de café desmoronaria. A Ferrovia Mogiana e o grande fluxo de imigrantes vindo para São João da Boa Vista, e outros município paulistas da fronteira, transbordou para o território vizinho do Sul de Minas.